quinta-feira, 30 de agosto de 2018

O voto de Tiririca

Imagem da internet

Por Marcos Santos

O palhaço Tiririca-PR/SP até hoje é o parlamentar mais bem votado da história das eleições no Brasil. EM 2011 e reeleito em 2015 ocupando o terceiro lugar no rancking. Ele é a síntese de que política neste país não dá para levar a sério. Para quem se não lembra em 06 de dezembro de 2017 ele subiu à tribuna na Câmara para declarar seu desgosto e decepção pela política e desabafou: "Eu saio decepcionado[...] cara eu sou ator; se eu quiser subir ali pra mentir...Eu sem falar, é a primeira e última vez que estou falando. Eu, sem falar todas as duas votações foram mais de um milhão de votos brincando e falando a verdade." 

Já no último dia 4 Tiririca conseguiu mostrar o quanto está contaminado com a velha política e contrariando seu próprio discurso decidiu que irá se candidatar novamente a uma vaga no Legislativo. Dá pra levar a sério e confiar nesses que se dizem representantes do povo, ou será que em apenas oito meses as coisas mudaram no planalto central?

Em 7 anos de mandato o palhaço nordestino não conseguiu conseguiu aprovar sequer algum projeto de "sua" autoria, exceto, o PL que instituiu o Programa de Cultura do Trabalhador criando o vale cultura, mas vale ressaltar que esse projeto não é dele, Tiririca apenas assinou junto com outros parlamentares.  Portanto, só "mamou" nas tetas no dinheiro público por sete anos gozando das mordomias que o cargo oferece como ele mesmo enfatizou em seu último discurso. 

Voto dos abestados!

Essa mesma história triste está prestes a se repetir com o voto de protesto dos "abestados". Como dizia o palhaço do PR-"Vote no Tiririca, pior do que está não fica". Infelizmente ficou muito pior e sem querer ser pragmático, o Brasil está prestes a repetir o mesmo erro quando em sinal de protesto e sem medir as consequências jogou seu voto na latrina, sobretudo, os jovens que, sem saber, além de Tiririca arrastaram mais uns três ou quatro com ele. 

 O Tiririca da vez agora é o Jair Bolsonaro-PSL que aparece em segundo lugar nas pesquisas divulgadas hoje no site Poder 360 com 21% das intenções de voto, enquanto Fernando Haddad-PT  lidera com 34% pegando carona na popularidade do ex-presidente Lula,  preso desde abril deste ano, condenado em segunda instância por crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Porém, pesquisas não são fator determinante de resultados. O quadro poderá mudar a partir de amanhã com a propaganda eleitoral que será veiculada no rádio e na televisão. Nada ainda está definido. 

Bolsonaro continua apostando no seu discurso incisivo que tem agradado a muitos, mas cabe ressaltar que entre o que ele promete e a concretização das suas propostas  há um linha muito tênue, haja vista que o Executivo não tem poderes para criar e nem mudar leis. Uma coisa é prometer que vai liberar o porte de arma para  população, interferir nas políticas de igualdade de gênero, exterminar os traficantes da rocinha no Rio de Janeiro, acabar com o tráfico de armas nas fronteiras, etc.  Outra coisa é obter apoio para isso e enfrentar parlamentares diretamente ligados ao PCC e ao crime organizado nacional infiltrados não só em Brasília, mas também em outros territórios brasileiros.  Já no campo da economia ele aposta todas as fichas em seu provável ministro Paulo Guedes  já anunciado em rede nacional. Ele comparou a amizade de Guedes a um casamento e disse no Jornal Nacional-Rede Globo que confia a fidelidade do economista, mas, nada é para sempre, ressaltou. 

Muitos acreditam que o militar da reserva adotou uma postura semelhante a do Republicano  Donald Trump vencedor das eleições para presidente dos Estados Unidos em 2016, mas se esquecem que, ao contrário de Trump, magnata bilionário e midiático, Bolsonaro não tem e nem terá cacife para convencer a maioria do Congresso (caso seja eleito) a votarem nos seus projetos. Infelizmente, sem querer ser pragmático novamente, seja quem for que ganhar essas eleições, dificilmente conseguirá implementar tudo o que está sendo prometido ao povo.  Segundo o site Valor econômico  o próximo presidente além de pegar a máquina do governo quebrada e com um déficit de R$ 139 bilhões, ainda terá sérias dificuldades  para lidar com o atual aumento salarial de 16,38% concedido ontem ao Judiciário passando dos R$33,7 mil para R$39,2 mil o que acarretará em um despesa extra de R$250 milhões nas contas do executivo. 

Portanto, chega ser irracional acreditar que alguém como Bolsonaro ou quem quer que seja conseguirá tirar o Brasil do atoleiro no médio ou curto prazo com tamanho rombo nas contas públicas. Falar e prometer é uma coisa, difícil mesmo vai ser bater de frente com os vampiros que sempre sugaram o sangue do trabalhador  assaltando os cofres públicos na maior cara de pau, para ostentarem em suas mordomias. Enquanto isso o que vemos são cidadãos morrendo vítima de bala perdida nas favelas e semáforos, nos corredores dos hospitais por falta de médicos e medicamentos, nos protões de suas casas vítimas de menores infratores que matam por causa de um celular, mulheres vítimas da violência doméstica, etc. 

Quem sabe esse voto de protesto ao Bolsonaro cuja maioria emergirá do público jovem ressuscitará o velho slogan do deputado Tiririca, porém, num outro contexto que provavelmente essa mesma maioria não está calculando as terríveis consequências.  Tudo poderá ficar pior sim se o próximo presidente ao contrário do que está prometendo, governar para os ricos e poderosos desse imenso país da desigualdade endêmica.




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